Ministro do STF quer responsabilizar empresas por falas na internet
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), disse hoje acreditar que grandes grupos de internet devem ser
responsabilizados por abrigarem usuários propagando discursos de ódio. Ele
participou, nesta segunda-feira, de um debate por videoconferência promovido
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Embaixada da Alemanha, sobre a
influência digital nas eleições de 2022.
Moraes palestrou na abertura do evento e alertou para as
ameaças em redes sociais da internet, chamada por ele como "terra de ninguém",
por esquemas organizados de produção e disseminação, envolvendo grupos
políticos e também empresários financiadores. "Nós vamos permitir que as redes
sociais, a internet, continuem sendo terra de ninguém? Porque é isso que está
ocorrendo. Por que chegamos a este ponto? "
O ministro chamou a atenção para a impunidade que existe
atualmente nas redes, através da confusão de conceitos de mercado livre de
ideias e liberdade de expressão com uma arena impune para agressões e discursos
de ódio.
"Uma verdadeira guerrilha contra a democracia e o estado de
direito. Quando há uma postagem de ódio, quando há uma postagem contra a
democracia, se alguém aparece para comentar e criticar, imediatamente é atacado
virtualmente por dias e essa pessoa acaba sumindo da internet. São condutas
agressivas e criminosas", destacou.
Segundo Moraes, uma das soluções é a classificação dos
grandes grupos de internet - incluindo Google e Facebook - como empresas de
mídia, as equiparando, dessa forma, aos grupos tradicionais de informação, como
jornais e emissoras de rádio e televisão.
Para o ministro do STF, as plataformas digitais,
classificadas legalmente como empresas de tecnologia, vêm lavando as mãos sobre
a "terra de ninguém" e liderando o mercado mundial de ganhos com publicidade.
Para ele, com objetivo de reequilibrar o binômio liberdade
com responsabilidade, basta estipular que as empresas, como Google e as demais,
sejam responsabilizadas como empresas de mídia. "Após a postagem, o ferimento à
democracia, à honra, após os discursos de ódio, a responsabilidade civil e
penal deve ser dura, rápida e concreta", concluiu.
Agência Brasil